2.3.22

Múmia de olhos fundos ('Poemário imberbe' 27: verme 12)








Múmia de olhos fundos



Oh mai

os teus olhos encovados

fundos


Neles deito as minhas lágrimas


Hei-me fartar de chorar

e de os encher nunca acabar


Chorar chorar chorar


Eu Electra do teu home


El Edipo sempre teu


Afinal os dous somos teus


Remetemo-nos a ti

múmia de olhos fundos


O teu rosto obtuso 

nom compreende o que estou a dizer


Ti só deixa-me chorar 

nos teus olhos fundos

e nunca os acabar de encher



by Eva Loureiro Vilarelhe