25.4.21

Espero ('Feridamorte' 12)










Feiticeira mexendo no pote ao lume

cientista de óculos protetores perante o tubo

de ensaio espero a ver o que acontece


Se explodir a soluçom mea culpa

leva-me a vida experimentar

na procura da quadratura do círculo


A demora pode indicar que achei o caminho

ou polo contrário que estou a piques de arruinar

todo o que tenho ou o que poderia chegar a ter


Quem sabe o que sairá daqui

e da minha teimosia por complicar-me

a existência desde que nacim


by Eva Loureiro Vilarelhe




7.4.21

Lógica ('Feridamorte' 11)








Tenho dias em que me cortaria as veias

salva só porque nom gosto de servir de espectáculo

e outros em que por dentro morro de felicidade

em vista de que por fora ficaria deselegante


Tenho momentos em que o silêncio anega o meu todo

petrificada e incapaz de agir ou comunicar-me

e outros em que as palavras brotam qual tsunami

afogando qualquer tentativa de conversa


Tenho arrebatos de subir-me polas paredes

desesperada por conseguir já e agora o que quero

e outros de enroscar-me como um gato no sofá

desesperançada deixando-me invadir pola tristeza


Tenho assaltos de dúvidas imprescindivelmente substanciais

de cuja resoluçom depende a continuidade da minha existência

e outros de certezas absurdamente imemoriais

que tinha esquecido na superfície da minha subsistência


Nesses dias momentâneos de arrebatos ou assaltos

jamais deixo de cumprir coas minhas obrigas

que ti nom entendas o intrínseco da minha lógica

implica um significativo desafio para a tua razom 



by Eva Loureiro Vilarelhe



1.4.21

Mentirosa ('Feridamorte' 10)





Ser a tua maior decepçom

honra-me qual título nobiliário

oxalá pudesse encaixilhar tal declaraçom

como nom tenho feito co meu universitário


Ser algo para ti é mais do que ser nada

agora o teu recorrente apelativo difamador

é farinha doutro fole que nada tem a ver comigo 

de deusa ou anjo passo de seguida a mentirosa


Ser vilipendiada pom à prova a infinda paciência

a beligerância é a tua consabida estratégia

a minha o silêncio voltarás ao rego tarde ou cedo

co brilho desluzido mas imutável o que te adoro eu




by Eva Loureiro Vilarelhe