17.4.22

O sol ('Poemário imberbe' 42: erva 3)










O sol



Ergue sem medo a vista

um olho a seguir pisca

perto demais e pica

o outro despois só chisca

demasiado aló fica

o seu calor dá vida

cores às cousas pinta

por algo chamam rei

ao astro de que falei

sem el nom temos rem

sol sol sol ti canta-lhe

sem parar canta e el vem

viva a felicidade!



by Eva Loureiro Vilarelhe




16.4.22

O mar ('Poemário imberbe' 41: erva 2)












O mar



Rumor dos vizinhos de abaixo

ondas do golo da vitória

escuma do banho da mamai

recendo ao peixe do jantar

coriscar do asfalto molhado

olha que é belo o mar 

mesmo quando nom o vês!



by Eva Loureiro Vilarelhe







15.4.22

A erva ('Poemário imberbe' 40: erva 1)







erva


(para aprender às crianças 

a jogar coa nossa língua)







A erva



Fresca a erva 

acaricia os teus pés nus

e as cócegas chegam ao nariz…

…um espirro e vês as estrelas

e o arco-da-velha num dia claro

de céu azul

ou verde?     Pensa

enquanto deitada no cobertor

da terra olhas para esse imenso

espelho

mas o vento brinca para que feches os olhos

que mais tem!

Escoita o seu zoar

e desfruta vendo os pássaros dançar 

entre as nuvens brandas 

como sonhos de Natal 

recobertos de açúcar

imagina doces de todas as cores

iguais às flores

que se enleiam nos teus cabelos

e salta

as penas e esquece as tuas 

e corre

e apanha as pingas

de auga que venhem do rio

e ri 

tal que a freixa a carom dos vidoeiros

e sonha

como sabes fazer

só ti



by Eva Loureiro Vilarelhe







3.4.22

Laughing by the pool ('Poemário imberbe' 39: amoto ludo 3)












Laughing by the pool



Exibiam altivas os seus peitos

como atletas o louro da vitória

alcançaram esse status

já tinham atributos de mulher

cada mês aos quatro ventos proclamavam

nom ter filhos por nom querer

eram fortes garridas espartanas

entre as chatas miúdas do vestiário



by Eva Loureiro Vilarelhe




2.4.22

Cabelos longos que nom hei ('Poemário imberbe' 38: amoto ludo 2)













Cabelos longos que nom hei

nom hei de ter

nom hás de ver


Olhos claros que nom hei

nom hei de ter

nom hás de ver


Cabelos loiros que nom hei

nom hei de ter

nom hás de ver


Mas tés branca pele

E se nom houver?

Tanto tiver!




by Eva Loureiro Vilarelhe



1.4.22

Cantiga de amiga ('Poemário imberbe' 37: amoto ludo 1)







amoto ludo







Cantiga de amiga



No sofá sentado

o jornal dobrado

nem arranjo emprego

nem tampouco o andar

Ela está a tardar

quando há de chegar?


Já tempo parado

estou é tam lixado

nom tenho trabalho

nom podo aturar

Ela está a tardar

quando há de chegar?


O rosto barbado

o bandulho inchado

estou tam mudado!

Vai-me é deixar!

Ela está a tardar

quando há de chegar?



by Eva Loureiro Vilarelhe