Amanheces com cara de ferreiro
auguro um dia bronco
marcado polo fastio da quotidianidade
perdura na minha boca o gosto a ferrugem
dos infames dardos envenenados
disparados na noite passada em branco
Sei que será amargura de pouca dura
que recuperaremos logo a harmonia
esquecidas aginha todas as desavenças
no entanto detesto este desassossego
no estómago e o imenso peso no peito
por ter dito o que nom sinto nem penso
Envergonhada por ter sido do mesmo jeito
singular testigo do acontecido
ao ver-nos rebaixados e indignos
deste amor que superou durante meses
vinte e quatro horas de convivência a fio
sem assinar a sua sentença de morte
by Eva Loureiro Vilarelhe