13.2.21

Ira ('Em suspenso' 18)







Passado o tempo de letargo

continuamos cegados polo sono

da recente e obrigada hibernaçom

espreguiçando o corpo por capas

como cebolas postas a secar

no recanto mais escuro do celeiro


Coa aplicaçom da sociabilidade

relegada a tal flagrante desuso

que nos aconselha o sistema operativo 

desbotá-la definitivamente para o limbo

moderno onde vai parar todo o desnecessário

na nuvem terminará por desvanecer-se

entre as flamantes memórias já caducas

que acumulamos em cirros de desfeitos


O que dantes consideraríamos pobre ambiente

semelham-nos agora torrentes de gente

infestando o escaso espaço livre

e apropriando-se do nosso vital ar

imprescindível para transpirar

através da máscara do castigo


Havemos de pagar por todos e cada um 

dos pecados cometidos

esses que desculpamos e jamais reconhecemos 

menos ainda perante a todo-poderosa 

Mai Natureza

recrudescendo ainda mais a sua compreensível 

ira

durante o nosso bem merecido juízo final



by Eva Loureiro Vilarelhe