21.8.23

Noite sem lua ('Quatro' 6)








O canto dos grilos

ecoando na negrura

desta noite sem lua


na pel a humidade do relento

no peito o calor do teu alento

co céu estrelado por único abrigo 


deitados entre as lombas das dunas

longe da morna língua marinha

e o constante sarilho de sibila


o rumor das ondas 

ecoando na negrura

desta noite sem lua


de olhos fechados mas sempre atentos

ao desígnios que nos traz o vento

impassíveis às areias nas costas


por ser sinal de boa fortuna

desfrutar ao máximo da vida

e do bom tempo deste nosso clima



by Eva Loureiro Vilarelhe





7.8.23

Co punho em alto ('Nacos' 11 )










Despois de ser mai descobrim que sigo a durmir como um bebé. 


Tanto no fundo 

                 —intermitentes intervalos de insónias— 

     quanto na forma.

 

Umha fotografia junto ao meu filho mais velho recém-nascido testemunha. 


Ambos com idêntica pose relaxada que só nos confere o sossego do sono.

 

O seu cabelo em ponta, 

o meu alvorotado por riba da almofada.

 

Os dous co punho em alto. 


Evocativa síntese da minha atitude perante a vida: 

sonhadora e reivindicativa. 





by Eva Loureiro Vilarelhe