Os anos nom som só cabelos brancos
rugas e olhos cansados
os anos manifestam-se sobretudo na alma
coraçom
sétima circunvoluçom do cérebro
consciência
ou como queiram chamá-la
Os anos criam ao redor dela umha costra oleosa
interessante cientificamente qual óvulo
onde esbaram as saetas
que dantes tam profundamente incidiam
e apenas a alcançam aquelas que encontram o seu ponto
fraco
fecundando-a de sentido
Si, sentido
que parece recobram os jovens
caminhando decididos a patinar nas pegadas experientes dos anos
e daquela caem na conta
que maravilha o vivido por viver
e o sabido sabido
—Achas?
Se o emocionante é cair?
Nom, melhor é erguer-se
ainda com mais força
ainda em quente
sem sentir a dor
que o frio dos anos faz sentir
de todas as quedas da vida
e daquelas que podam faltar
—Falas dos anos que nom tés
nom viveste nem conheces
Só falo daquilo que penso
já verei o que baralho quando os tiver
—O quê vais ter…
eles terám-te a ti!
E ti como o sabes?!
—Nom o sabia
dixo-mo o olhar dessa velha cega
que me trespassa e sorri
pois conhece o assunto que tratamos
Olha que inventas!
—O mesminho ca ti
ou é que nom vês o atrapada que ela está?
Estás ti ela voa
ou nom o sentes?
(Breve lapso de reflexivo silêncio)
—Sinto estarmos a malucar aqui as duas…
(Rolda de gargalhadas
seguida de um abraço cúmplice)
Nem que tivesses algo melhor que fazer!
(E ao nom responder outorgou)
by Eva Loureiro Vilarelhe