29.6.22

Varada ('in.timo' 4)







Dorna encalhada na areia

que nem navega nem pola terra

avançar pode à baixa-mar

olhando o céu que impávido assiste

à minha interminável agonia

o meu corpo em descomposiçom

por falta de uso apodrece

sinto a comichom impertérrita 

moscas larvas pássaros pulgas

e demais fauna marinha

dando boa conta das minhas vísceras

o cheiro afugenta ao resto de seres

vivos ou mortos cos que me relaciono

fico soa

esquecida e fora deste mundo

negando-me a sair do meu

prefiro continuar como estou

extinta em vida

varada em ti


by Eva Loureiro Vilarelhe