Passado o tempo de letargo
continuamos cegados polo sono
da recente e obrigada hibernaçom
espreguiçando o corpo por capas
como cebolas postas a secar
no recanto mais escuro do celeiro
Coa aplicaçom da sociabilidade
relegada a tal flagrante desuso
que nos aconselha o sistema operativo
desbotá-la definitivamente para o limbo
moderno onde vai parar todo o desnecessário
na nuvem terminará por desvanecer-se
entre as flamantes memórias já caducas
que acumulamos em cirros de desfeitos
O que dantes consideraríamos pobre ambiente
semelham-nos agora torrentes de gente
infestando o escaso espaço livre
e apropriando-se do nosso vital ar
imprescindível para transpirar
através da máscara do castigo
Havemos de pagar por todos e cada um
dos pecados cometidos
esses que desculpamos e jamais reconhecemos
menos ainda perante a todo-poderosa
Mai Natureza
recrudescendo ainda mais a sua compreensível
ira
durante o nosso bem merecido juízo final
by Eva Loureiro Vilarelhe