A Vicente Irisarri
—por fazer ecoar em mim o nosso oceanismo—
O tempo era infinito
e o espaço lindava com um horizonte oceânico
cujo final nom alcançava a alviscar por mor da redondeza da terra
O tempo era infinito
e durava até sentir as horas no estômago
a sabendas de que perdera a merenda ou chegava tarde ao jantar
O tempo era infinito
e o espaço limitava-no as pedras da ribeira
cantos rolados pola língua do mar que temia e amava a partes iguais
O tempo era infinito
e nem sequer sentia a pel esticada e resseca
polo incessante banho de sol e salitre perante as possibilidades da praia
O tempo era infinito
naquel meu paraíso perdido que nom era a infância
senom a marítima infinitude coa que hei pechar o ciclo na senectude
by Eva Loureiro Vilarelhe