31.1.25

A hora de voar ('Atlântidas' 4)





O dia de praia acaba

o último banhista marcha

eu à espreita posicionada


ninguém por cá nem por lá

já chegou a hora de voar


a areia machucada espira

o sol esvaecendo expira

as ondas sem bóias suspiram


ninguém por cá nem por lá

já chegou a hora de voar


entre lusco-fusco e arrepios

trespasso a beira a prancha enfio

rumo ao pico meu desafio


ninguém por cá nem por lá

já chegou a hora de voar


meixelas roivém tal que as nuvens

cavalgo nas cristas a fume

de caroço e oxalá dure


ninguém por cá nem por lá

já chegou a hora de voar


a sós perante a natureza

o mar ensina com crueza

o melhor mestre da firmeza



by Eva Loureiro Vilarelhe