19.6.24

Infinito ('Atlântidas' 1)








A Vicente Irisarri

—por fazer ecoar em mim o nosso oceanismo—




O tempo era infinito

e o espaço lindava com um horizonte oceânico 

cujo final nom alcançava a alviscar por mor da redondeza da terra 


O tempo era infinito 

e durava até sentir as horas no estômago 

a sabendas de que perdera a merenda ou chegava tarde ao jantar


O tempo era infinito 

e o espaço limitava-no as pedras da ribeira 

cantos rolados pola língua do mar que temia e amava a partes iguais


O tempo era infinito

e nem sequer sentia a pel esticada e resseca 

polo incessante banho de sol e salitre perante as possibilidades da praia


O tempo era infinito

naquel meu paraíso perdido que nom era a infância

senom a marítima infinitude coa que hei pechar o ciclo na senectude



by Eva Loureiro Vilarelhe