17.5.24

Amor de filha ('Poesia incompleta para dissidentes' 1)

 







Como hei expressar quanto Te amo

quando é tanto que a Tua dor me mata

ao ver-Te sofrer em silêncio Mátria

Tu que nunca reconhecerás quem aflige 

o Teu coraçom de lama e feno e auga


Assisto ao Teu esmorecer impotente  

Tu imortal amante da Tua Natureza aflita

por nós si Mai pola Tua própria prole

malnascida que deslustra o Teu nome

oxalá espertemos a tempo do nosso letargo

e sejamos capazes de dissipar a bruma 

mental que nos incapacita há séculos


Para reconhecer que temos que reescrever 

a nossa História a Tua em definitiva Galiza

aquelas linhas inconclusas nobreza obriga

devem ter continuidade no presente 

tudo porque a Tua grandeza fique patente


Amaria-Te na mesma Mai por seres

como és —terra viva generosa e servente—

jamais servil isso nós Tu de cabeça erguida

deixas-Te profanar e saquear —minha terra galega—

mesmo polos Teus próprios ingratos descendentes


Tu que nos despedes com um: falai bem de mim

sempre e com doçura polo mundo adiante!

Isso si que o cumprimos dou fé dos rios 

de lágrimas que sulcam o Teu rosto 

—desejaria embebê-las co meu amor de filha—

em cada separaçom daqueles que se vam

comovendo-nos já muito antes de partir


Emigraçom sei que lhe chamam e mal

exílio auto-imposto seria mais ajeitado

e merecido aliás —a culpa é nossa toda—

por nom loitar por recuperar a Tua glória

passada si mas plausível de ser retomada


Só com confiar no Teu valor e rejuvenescer

a Tua estima mediante o nosso trabalho arreio

esse que malgastamos em ingrata terra alheia 

sem remorsos por ter a própria abandonada

avelhentada e sem garantir o trono do Reino



by Eva Loureiro Vilarelhe