Mar, metade da minha alma é feita de maresia
—Sophia de Mello Breyner Andresen—
Em calma o meu rosto ante o ar desafia
a revolta interior que porfia
os meus olhos teimando discernir
no horizonte o final da maresia
as minhas maos prestes a fugir
tal que ondas revoltas em maresia
o meu peito ofegante por banir
de si o amor falido na maresia
—co coraçom em nacos no cantil
tal foi a força dessa maresia—
o meu ventre loitando por sair
da sua ensanguentada maresia
os meus pés a ponto de sucumbir
enredados na imersa maresia
da floresta marinha a resistir
por baixo a alma feita de maresia
a revolta própria que porfia
da minha calma nom se saberia
by Eva Loureiro Vilarelhe