13.3.25

Maresia ('Atlântidas' 5)








Mar, metade da minha alma é feita de maresia

—Sophia de Mello Breyner Andresen—


Em calma o meu rosto ante o ar desafia

a revolta interior que porfia


os meus olhos teimando discernir

no horizonte o final da maresia


as minhas maos prestes a fugir

tal que ondas revoltas em maresia


o meu peito ofegante por banir

de si o amor falido na maresia


—co coraçom em nacos no cantil

tal foi a força dessa maresia—


o meu ventre loitando por sair

da sua ensanguentada maresia


os meus pés a ponto de sucumbir

enredados na imersa maresia


da floresta marinha a resistir

por baixo a alma feita de maresia


a revolta própria que porfia

da minha calma nom se saberia                                                            



  by Eva Loureiro Vilarelhe