25.9.24

Verdes ('Figa' 4)










Olhadas viscosas ar ofegante

maos ansiosas por apalpar

a manada opreme-as asfixiante

sente-se mesmo ao respirar


A inércia obriga-as a tropeçarem

no transporte público a rebentar

repleto de corpos bamboleantes

ao abrir-se as portas para baixar


Saias dançarinas descobrem pernas

risadas cantarinas saindo em tropel

coa entreperna em retirada ao vê-las

afastar-se às carreiras todas elas

resmunga amuado um dos jovens 

Ils sont trop verts!



Umha delas dá sinais de entender

volta rápida atrás desafiante

cos seus braços em jarra nos quadris

e o seu torso de deusa a reluzir


Nom somos para vós meu rei

e falo por mim e as minhas irmás

lampantim esquece o acoso e aprendei 

respeito é-vos boa hora de espertar


El nunca esquecerá esses olhos verdes

maduros altivos inteligentes

mudam as cativas e arrepende-se

a sós mas diante da greia depende



by Eva Loureiro Vilarelhe





1.9.24

Vidas passadas ('Atlântidas' 2)







Persoas que se evaporam como o salitre no ar

mesmo feitos e acontecimentos sumem sem cesar

banidos da minha prístina memória malvar

semelham parte de vidas passadas sem acordar


—porém conservo sensaçons impossíveis de apagar—


O estrondoso murmúrio das ondas ao rebentar

a silandeira sedosidade da areia ao andar

o vazio absoluto na natureza a rebordar

de seres vivos ou inertes prestes a me acompanhar


O mar —sempre o mar— imbuído no meu peregrinar



by Eva Loureiro Vilarelhe