1.5.22

Segunda primavera ('in.timo' 1)




 





Afaga-me o bolor da lene brisa de outono

embelecida por camusianas folhas-flores

adoro o tom dourado que invade as suas cores

e o lento declinar do sol-pôr convida ao sono


É sem dúvida a segunda primavera certo

o temor por apurar a última plenitude

fai-nos cometer loucuras mais de juventude

e crepitar ante o grandioso lume do acerto


Sabemos com segurança o que queremos talvez

nem sempre acontece e hai quem ainda nom aprendeu

a conhecer-se e reconhecer-se a tempo e incorreu

no ensaio quando é hora de já nom errar coa chave


As portas por abrir som poucas a estas alturas

e atravessar umha implica perder a ocasiom

de experimentar outra que se cadra é melhor

mas nom divaguemos mais com meras conjeturas


A afamada crise dos quarenta nom é tal

som eu quem está com mais pressa por descobrir

o que a vida me reserva antes de me abolir

as reservas que restam de energia vital


Gosto do outono porque estou imersa nel agora

desfruto do que tenho sem pensar no perdido

—intrínseco a percorrer este duro caminho—

e igual hei desfrutar do cru inverno na sua hora 



by Eva Loureiro Vilarelhe