Afaga-me o bolor da lene brisa de outono
embelecida por camusianas folhas-flores
adoro o tom dourado que invade as suas cores
e o lento declinar do sol-pôr convida ao sono
É sem dúvida a segunda primavera certo
o temor por apurar a última plenitude
fai-nos cometer loucuras mais de juventude
e crepitar ante o grandioso lume do acerto
Sabemos com segurança o que queremos talvez
nem sempre acontece e hai quem ainda nom aprendeu
a conhecer-se e reconhecer-se a tempo e incorreu
no ensaio quando é hora de já nom errar coa chave
As portas por abrir som poucas a estas alturas
e atravessar umha implica perder a ocasiom
de experimentar outra que se cadra é melhor
mas nom divaguemos mais com meras conjeturas
A afamada crise dos quarenta nom é tal
som eu quem está com mais pressa por descobrir
o que a vida me reserva antes de me abolir
as reservas que restam de energia vital
Gosto do outono porque estou imersa nel agora
desfruto do que tenho sem pensar no perdido
—intrínseco a percorrer este duro caminho—
e igual hei desfrutar do cru inverno na sua hora
by Eva Loureiro Vilarelhe