27.2.25

Ouro ('Poesia incompleta para dissidentes' 4)







Nem romanos nem mouros

levárom o nosso ouro


somos nós a estragá-lo

quem anda a dissipá-lo


escorrega céu abaixo

e olhamos de soslaio


cuspimos para acima

sem ter quem nos redima


deixamo-lo escapar

de entre os dedos pingar

e o dia que faltar

nom há prestar chorar


rosmamos por vício

sempre é bom auspício


fai o verde derredor

cantar o reissenhor


os rios baixam fartos

fontes abrem regatos 


flor da vida viçosa

terra sem sede a nossa


de chover a fartar

havemo-nos queixar

e o dia que faltar

nom há prestar chorar




by Eva Loureiro Vilarelhe