25.11.24

Nom A matarás ('Figa' 5)






- A Ela sobre todas as cousas amarás


- Images Dela sem licença nom difundirás


- A Sua negativa em vao nunca tomarás


- Nas festas Dela nom abusarás


- Mesmo por riba do teu pai e da tua mai A honrarás 


- Nom A matarás


- Nom A enganarás


- A Sua autoestima nom furtarás


- Falso testemunho contra Ela nunca darás


- Só para ti jamais A cobiçarás


Home, se é tam simples, por que nom o fás?




by Eva Loureiro Vilarelhe





13.11.24

Maré ('Atlântidas' 3)








A voragem de persoas que me rodeia

o redemoinho de vozes ao meu redor

ecoam no meu coraçom bamboleante

enjoada e abafada por esta maré

de corpos e sons alienadores

ansiando eu tam só esse silêncio

a calma abissal das profundidades

desse oceano que me chama solarmeiro

liberador das amarras da vida insana

que acaba com todo o que nos rodeia



by Eva Loureiro Vilarelhe




31.10.24

Defuntos







Sinos tocam a defuntos 

e nós assando castanhas 

temedes ao saca-untos

e os mortos nos acompanham


Uvas figos e cabaças

esqueletes mais caveiras

convivem nas nossas casas

junto ao lume das lareiras


Noite inçada de risadas

contos de medo na rolda

pam vinho e boas talhadas

nom me assombras negra sombra



by Eva Loureiro Vilarelhe




11.10.24

Ou ('Poesia incompleta para dissidentes' 3)







Partir ou murchar

eu opto por sementar


Perder ou lembrar

eu prefiro inventar


Durmir ou sofrer

eu escolho renascer


Tombar ou bater

eu acabo por mexer


Finar ou fugir

eu digo que bulir


Pousar ou mentir

eu costumo advertir


Ao loitar sem parar

havemos de vencer

ou ao menos resistir




by Eva Loureiro Vilarelhe 







25.9.24

Verdes ('Figa' 4)










Olhadas viscosas ar ofegante

maos ansiosas por apalpar

a manada opreme-as asfixiante

sente-se mesmo ao respirar


A inércia obriga-as a tropeçarem

no transporte público a rebentar

repleto de corpos bamboleantes

ao abrir-se as portas para baixar


Saias dançarinas descobrem pernas

risadas cantarinas saindo em tropel

coa entreperna em retirada ao vê-las

afastar-se às carreiras todas elas

resmunga amuado um dos jovens 

Ils sont trop verts!



Umha delas dá sinais de entender

volta rápida atrás desafiante

cos seus braços em jarra nos quadris

e o seu torso de deusa a reluzir


Nom somos para vós meu rei

e falo por mim e as minhas irmás

lampantim esquece o acoso e aprendei 

respeito é-vos boa hora de espertar


El nunca esquecerá esses olhos verdes

maduros altivos inteligentes

mudam as cativas e arrepende-se

a sós mas diante da greia depende



by Eva Loureiro Vilarelhe





1.9.24

Vidas passadas ('Atlântidas' 2)







Persoas que se evaporam como o salitre no ar

mesmo feitos e acontecimentos sumem sem cesar

banidos da minha prístina memória malvar

semelham parte de vidas passadas sem acordar


—porém conservo sensaçons impossíveis de apagar—


O estrondoso murmúrio das ondas ao rebentar

a silandeira sedosidade da areia ao andar

o vazio absoluto na natureza a rebordar

de seres vivos ou inertes prestes a me acompanhar


O mar —sempre o mar— imbuído no meu peregrinar



by Eva Loureiro Vilarelhe





17.7.24

AVE do Paraíso ('Poesia incompleta para dissidentes' 2)








Se um trem parte desde Ferrol 

direçom Sul a 50 quilómetros por hora

e outro sai de Tui cara ao Norte 

à mesma hora e idêntica velocidade...

Por que a Alta está vetada para nós?

—pergunto eu como boa galega

em lugar de responder—

O nosso Paraíso ficará sumido 

por sempre no atraso da lentidom?

Nom é que esteja com presa nom

é que gostaria de que Compostela 

fosse o ponto de encontro do problema 

em questom para além da Capital 

dum País que nom se toma a sério 

a si mesmo! Como raios vam fazê-lo

os demais se somos os primeiros em atirar

pedras contra o nosso próprio telhado?

Paraíso Perdido —Galiza das Maravilhas!—

o AVE como nom lhes dê por nolo financiar 

aos Ortega nom o catamos na vida



by Eva Loureiro Vilarelhe