Azul vejo azul
umha favorecedora pátina azulada
recobre este onírico mundo submarino
borbulhante gargalhada
ao reconhecer tal inverosimilhança
demoro em dar por que se pode respirar
—coa boca cheia e todo—
o que me leva constatar que está a sugar
um belo pau com fruiçom aparente
quem recebe por trás com gosto anal
—nunca som eu a que protagoniza a encenaçom
mesmo que me identifique coa fantasiosa
protagonista cujas aventuras me incitam
a masturbar-me tam excitada quanto ela—
e a sua colega acaricia os seios de ambas
ofegante é a verdadeira mestra de cerimónias
—se houver algo de verdade no conto matizo
gosto de ser consciente mesmo no subaquático—
que demostra a sua mestria introduzindo dous dedos
de inofensivas unhas polidas na vagina da sua amiga
—amante e bem cara corrijo-me de novo
em vista dos esforços que fai por comprazê-la—
gozando do prazer que generosa outorga
perseguindo um bonito de ver e alheio êxtase
iminente a julgar polas respiraçons entrecortadas
do trio que segue as indicaçons da sua batuta
—fálica observância apontaria um invejoso freudiano
eu garanto que nom precisamos de pénis para presumir de falo—
toca allegro ma non troppo e os acordes mudam as tornas
retira os dedos para que o membro rijo a preencha
dura pouco a dupla penetraçom o que vem de entrar vem-se
de imediato e a espectadora desejaria ser ela a emprenhá-la
o sémen nom flutua tal como fai a minha frondosa cabeleira
espumado esperma escorrega polas coxas ainda abertas
ao retirar-se flácida e abençoada a primeira verga
a segunda reclama o espaço desabitado para si
assi em quadrúpede avanço até os lábios húmidos dela
ávida língua em pá para o clítoris em cunha para dentro
invejo os beijos na boca que lhe dá o soldado ferido de morte
noto-a a ponto de correr-se os estertores nas costas afiançados
apressuro-me a unir-me a eles ela sem calar nem baixo da auga
o seu gozo soa a música celestial aos meus ouvidos
e sinto por fim o ansiado e açulado orgasmo azulado
azul vejo azul
by Eva Loureiro Vilarelhe