murcha e pampa qual estio em flor
(parafraseando a Baudelaire... com licença!)
“Que foi, meu amor, o que te espertou? Um pesadelo?” Cala! “Por que nom me dis nada?” Arrepio que percorre todo o meu corpo. Oxalá calasses tu! Nom suporto palavra doce quando estou a pensar noutra cousa. Aborreço! “SSShhh, já passou.” E entom figem o único que sabia que conseguiria fechar a sua boca... ou talvez nom. Meter a mam nas suas calças.
No teu ventre lápis-lazúli e rubi refulgem com o estertor da manhá. Volves-te e o lombo da guitarra emerge entre os lençóis amarrotados. Acabo de positivar no cristalino esta imagem que se reflete na retina, e lembrará sem dúvida a reproduçom de Juan Gris do meu escritório. Vou tomar duche. É tarde demais para apresar uns últimos acordes. Passo-te o cigarro ainda aceso, e o fume exangue dos teus lábios rememora o eco do bater acelerado do teu motor. Como adoro esse rugir aveludado, morno e macio do teu sexo!
by Eva Loureiro Vilarelhe